Codeplan analisa trajetória das brasilienses nas últimas 5 décadas

Participação no mercado de trabalho passou de 25% a 46%. Apesar do aumento, a vendedora Ana Carolina acha que as oportunidades ainda são mais fáceis para os homens

A vendedora Ana Carolina Simões Barbosa
No mês do Dia Internacional da Mulher (8 de março), a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) desenvolveu o estudo Trajetória das Mulheres no Distrito Federal – 50 Anos de Conquistas. Os dados baseiam-se no censo demográfico produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1970 a 2010. O levantamento da população feminina feito pela companhia abrange os anos de 1959 e 1960.

A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (7) na sede da Codeplan (Setor de Administração Municipal) traz informações diversas, como a evolução da participação das brasilienses no mercado de trabalho. Em 1970, por exemplo, 25,9% delas tinham algum tipo de ocupação. O número evoluiu para 46,5%, crescimento sentido por elas no dia a dia.

A vendedora Flávia Campos Martins, de 35 anos, trabalha em uma loja de vidros e esquadrias na Asa Norte e reconhece que, na última década, as mesmas funções são desempenhadas de forma equilibrada entre homens e mulheres. "Para serviços braçais ainda vemos mais homens, mas em trabalhos como o que desenvolvo, com vendas, não há diferenças", diz Flávia.

Remuneração
Mesmo com o aumento do número de mulheres com algum tipo de ocupação, ainda há desigualdade em relação às remunerações. De acordo com o estudo, o montante de pagamentos direcionados aos homens representava 82% na década de 1970 e 18% para as mulheres. Em 2010, o total pago a trabalhadores do sexo masculino caiu para 60,2% e subiu para 39,8% para as do sexo feminino.

Também vendedora, Ana Carolina Simões Barbosa, de 25 anos, acredita que as oportunidades aparecem com mais facilidade para eles. "As mulheres podem engravidar, e acredito que alguns patrões ainda têm receio disso. Devido às licenças-maternidade, vejo que muitas vezes um cargo de chefia é oferecido para homens."

Em contrapartida, o número de mulheres chefes de domicílio no DF, na faixa etária de 18 a 24 anos, cresceu: de 3%, em 1970, passou para 12%, em 2010. Entre aquelas com mais de 60 anos, a elevação foi de 19 para 52%.

Filhos
De acordo com a pesquisa, no período estudado, houve redução do analfabetismo para mulheres acima de 18 anos. Em 1980, por exemplo, 13,2% eram analfabetas. Em 2010, 3,8%. O estudo também revela diminuição da quantidade de filhos. Em 1970, a população feminina com idade superior a 60 anos tinha, em média, 6,37 filhos. Em 2010, o índice caiu para 3,84.

O secretário-adjunto de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Carlos Alberto Santos, avalia o estudo como fundamental para ações do Estado voltadas às mulheres. "Esse trabalho subsidia o governo de Brasília para que possamos implementar políticas públicas de apoio às mulheres e diminuir, cada dia mais, a desigualdade de gêneros no Distrito Federal."

Participaram da apresentação dos resultados a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos; o presidente da Codeplan, Lucio Rennó; e o diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da companhia, Bruno de Oliveira Cruz.

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