
Presidente do Congresso discutiu o assunto com nove líderes do Senado
Por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil
      O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco        (PSD-MG), prometeu uma solução negociada para o impasse criado        pela edição da medida provisória (MP) que reonera, gradualmente, a        folha de pagamento de 17 setores econômicos. Já a oposição pede        que Pacheco devolva a MP sem analisá-la, por entender que o        Congresso já decidiu sobre o tema.
      Pacheco se reuniu com nove líderes do Senado nesta terça-feira        (9), em Brasília, e prometeu conversar também com as demais        lideranças da Casa, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e        com os líderes da Câmara, antes de decidir se devolve ou não a MP        editada no final do ano passado. Ao editar a medida, o Executivo        pretendeu aumentar a arrecadação para chegar ao déficit zero em        2024.
      O presidente do Congresso destacou que o Legislativo tem        compromisso com o déficit zero e ponderou que alternativas à        reoneração da folha podem ser discutidas.
      "Nós temos que ter compromisso não é com problema. Seria muito        cômodo simplesmente devolver [a MP] sem encontrar uma solução.        Essa comodidade nós não queremos, queremos construir com o        ministro Fernando Haddad uma solução de arrecadação que seja        sustentável", disse.
      Pacheco acrescentou que a decisão de devolver ou não, integral        ou parcialmente, a medida provisória deve ser tomada ainda durante        o recesso parlamentar, em janeiro, para dar previsibilidade aos        setores atingidos pela medida.
      "Pretendemos tomar essa decisão ainda no recesso até porque é        muito importante ter estabilidade jurídica. Nós temos compromisso        com a estabilidade jurídica. Imaginem vocês, esses 17 setores que        têm a desoneração prevista nos seus orçamentos, na sua        previsibilidade de negócio", explicou.
      Após o Congresso Nacional derrubar, por ampla maioria, o veto        do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que prorrogou a        desoneração de 17 setores da economia, o governo editou a MP que        prevê uma reoneração gradual desses setores. Segundo a Fazenda, a        medida visa recuperar R$ 6 bilhões em arrecadação já neste ano.
      Para Haddad, a desoneração representa um privilégio aos setores        beneficiados, sem que o resultado de aumento de empregos tenha        sido alcançado. "O emprego desses 17 setores caiu. Essa medida foi        tomada em 2011 para ser temporária, e os setores, no cômputo        geral, desempregaram. Aquela ideia original de que aumentaria o        emprego se mostrou errada", justificou.
      As lideranças da oposição sugerem que o governo envie um        projeto de lei com o mesmo teor da MP para que possam discutir o        tema sem a urgência criada pela medida provisória. Ao contrário de        uma MP, projeto de lei não tem efeito imediato.
      O relator da desoneração no Senado, Efraim Filho (União-PB),        líder do União na Casa, argumentou que a MP é uma espécie de        segundo veto a uma decisão que o Congresso Nacional já tomou.
      "É a tentativa da imposição de uma agenda com a qual o governo        não teve votos para sustentar em plenário. A tramitação [da        desoneração] ocorreu por dez meses e ficou muito clara a decisão        do Congresso – que é um projeto com a cara do Congresso e de        autoria do Parlamento – que, neste caso, não era arrecadar mais a        grande prioridade. A grande prioridade é gerar empregos", afirmou.
      Outras medidas
      A MP em discussão também prevê uma revisão no Programa        Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que foi        criado em 2021 para socorrer o setor com uma desoneração total de        impostos em meio à paralisação provocada pela pandemia de        covid-19. A medida foi inicialmente prevista para durar dois anos,        mas neste ano foi prorrogada para cinco anos pelo Congresso.
      A medida também prevê novas regras para que as empresas possam        compensar, junto à Receita Federal, os créditos tributários        eventualmente obtidos em causas na Justiça contra a administração        pública.
      Antes, as empresas podiam compensar 100% desses créditos de uma        vez, por vezes eliminando totalmente o pagamento de impostos em        determinado ano. Segundo estimativa parcial da Fazenda, somente        neste ano foram R$ 65 bilhões em perda inesperada de arrecadação        somente com essas compensações.
      Agora, tais compensações ficam limitadas, e os créditos        tributários somente poderão ser descontados dos impostos a pagar        de forma escalonada, mês a mês. A limitação para as compensações        vale para créditos acima de R$ 10 milhões, e os limites mensais        ainda devem ser estabelecidos em ato do Ministério da Fazenda.
    
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