
O PIB da construção civil deve terminar o ano com alta de 1,2%,        segundo projeção divulgada pelo Sindicato da Construção        (Sinduscon-SP), em coletiva, nesta quarta-feira (6). O indicador        recuou 3,8% no terceiro trimestre.
      Por Ludmilla - Sinduscon SC
      Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos de construção do        FGV-Ibre, afirmou que essa queda frustra as expectativas iniciais        para o ano. No começo de 2023, era esperado um crescimento de 2,4%        para o PIB do setor, que avançou 6,85% em 2022.
      O mercado formal de construção cresceu e contratou mais — há        alta de quase 7% no saldo de trabalhadores com carteira assinada —        mas a construção "formiguinha", feita pelas famílias, que envolve        as vendas de materiais de construção no varejo e a contratação        informal de prestadores de serviço, influenciou no crescimento        menor do que o projetado, explicou Castelo.
      Para 2023, é esperada uma queda de 2,8% no PIB da construção        referente ao consumo das famílias, enquanto na área de        infraestrutura, por exemplo, a expectativa é de alta de 4,5%.
      Consumo de materiais de construção e taxa de juros
       Castelo afirmou que se esperava para 2023 uma recuperação do        consumo de materiais de construção por parte das famílias, após um        2022 já de queda, o que não ocorreu. "Havia expectativa de melhora        de trabalho e da renda, mas isso não se transformou em consumo de        materiais".
      A explicação, segundo ela, é que reformas foram antecipadas        ainda em 2020, quando houve pico de demanda por materiais.        "Depois, o consumo foi direcionado para outros serviços".
      Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, ressalta que o        crescimento previsto de 1,2% para o PIB setorial é efeito da taxa        de juros "restritiva", que prejudica o consumo das famílias. Com a        continuidade do ciclo de queda da Selic, é esperado que haja uma        leve retomada do consumo no ano que vem.
      Imóveis de média e alta renda
       A redução dos juros também deve ajudar o segmento de imóveis        de média e alta renda, que teve redução de lançamentos neste ano.        Em São Paulo, houve queda de 12,1% nos lançamentos, no acumulado        até outubro, segundo o Secovi-SP. "Isso efetivamente atrai        comprador ao estande, traz velocidade de venda maior e mais        incentivo para novos lançamentos", afirmou.
      Ajuda ainda, na perspectiva de novos lançamentos de média e        alta renda, o fato de o setor ter se concentrado mais em vender        estoques ao longo deste ano.
      Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
       Já o segmento de imóveis econômicos, do programa Minha Casa,        Minha Vida (MCMV), continua com perspectivas positivas. Os        lançamentos cresceram 11% no país no terceiro trimestre, de acordo        com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
      Castelo ressaltou, no entanto, que a demora do governo para        reformular o programa fez com que parte dos seus benefícios não        fosse captada ainda em 2023.
      Desoneração da folha de pagamentos
       Para Estefan, o fim da desoneração da folha de pagamentos é        uma "ameaça real" ao setor da construção. Em obras já em        andamento, nas quais não é possível repassar um reajuste de preços        ao consumidor, as companhias teriam que arcar com os valores        adicionais. Para novas obras, o custo seria repassado ao preço das        unidades. "Aí pode não ter clientes suficientes".
      Castelo também identificou como possíveis riscos ao setor um        contingenciamento de gastos públicos devido a questões fiscais,        que atrapalharia programas com o MCMV e o Novo PAC, e a uma        interrupção precoce da queda dos juros.
      
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Agro
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