Desafios econômicos e a necessidade de melhorar a gestão de gastos impactam a situação financeira das prefeituras no Brasil

84ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) -            Cooperação Federativa pelo Desenvolvimento Sustentável do            Brasil. Foto: Ricardo Stuckert/PR
      A conta é simples: quando se gasta mais do que se ganha, alguma        conta acaba ficando  sem pagamento. E é essa a realidade de grande        parte dos municípios brasileiros neste fim de ano. Tendo o Fundo        de Participação dos Municípios (FPM) como a principal fonte de        arrecadação, 60% das cidades brasileiras estão com as contas        desequilibradas, em virtude das quedas que vêm sofrendo nesse        repasse desde julho.
      Um exemplo é a situação do estado do Pará, onde 88 das 144        prefeituras têm dificuldades em fechar as contas e pagar o 13º        salário dos servidores. Segundo o prefeito de Santarém e        presidente da Federação das Associações dos Municípios do Estado        do Pará — a Famep —,  Nélio Aguiar, para pagar a folha de dezembro        os prefeitos costumam fazer ao longo do ano uma reserva de        recursos. 
      "Com a situação de crise, muitos municípios não estão        conseguindo fazer essa reserva. Com isso, existe um risco grande        de chegar ao prazo de pagamento do 13º (na primeira quinzena de        dezembro) e não ter o recurso para pagar." 
      Muitas vezes o gestor acaba fazendo a opção entre pagar o        salário e o 13º salário, o que desbalanceia o equilíbrio fiscal        das cidades e agrava a crise. 
      Sem arrecadação própria, o que é o caso de grande parte dos        municípios de pequeno porte (menos de 50 mil habitantes), os        gestores dependem dos repasses do governo federal para conseguir        pagar as contas e os funcionários. 
      Goiás
      O prefeito de Alexânia (GO), Allysson Lima, também é        vice-presidente da Amab (Associação dos Municípios Adjacentes a        Brasília), que engloba 29 cidades de Goiás e quatro de Minas        Gerais. Segundo ele, os municípios são a parte mais fraca da        federação.
      "É onde as pessoas moram, é onde elas precisam ser atendidas na        ponta em todas as suas necessidades: seja saúde, educação,        assistência social e infraestrutura. Ainda assim, os municípios        são os que ficam com a menor parcela do que é arrecadado" —        desabafa.
      Assim como outros prefeitos de diversas regiões do país,  Lima        enfrenta dificuldades para fechar as contas de 2023. A esperança        do prefeito está depositada no projeto de lei complementar        136/2023, que prevê recomposição das perdas do FPM e da        desoneração dos combustíveis de 2022. O PLP já foi aprovado no        Congresso e ainda aguarda sanção do presidente Lula. 
      Bahia
      Os municípios baianos também reclamam das dificuldades.        Inclusive uma nota pública foi publicada no site da União dos        Municípios da Bahia (UPB) para chamar a atenção da sociedade, do        governo federal e do Congresso Nacional para a  situação econômica        dos municípios. A publicação diz que: "As sucessivas quedas dos        recursos impactam negativamente na manutenção de serviços públicos        à população, prejudicando o funcionamento das prefeituras."
      Onde está a dificuldade dos municípios?
      Além dos repasses reduzidos do FPM e ICMS em 2023, segundo o        assessor de orçamento Cesar Lima os municípios precisam melhorar a        gestão dos gastos que têm hoje, além de aumentar a arrecadação. 
      "O grande problema hoje da administração pública é que além do        grande gasto, temos um gasto ruim. As prefeituras precisam se        organizar melhor, tentar preservar o máximo possível a prestação        de serviços à população, automatizar seus processos        administrativos — de forma que demandem menos mão de obra — para        que possa dar uma abertura nas contas."
      O assessor ainda explica que a maioria das prefeituras está        atualmente na margem na prudencial — ou até mesmo acima do limite        prudencial —, e a maior parte do gasto vem com folha de pessoal.  
      Com informações de Brasil 61
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